Nota do Autor - Curso de Processo Penal

Quem eu sou e como vim a ser “Respeito muito minhas lágrimas, mas muito mais minhas risadas” Caetano Veloso Se você é daqueles que lê esta parte da obra eu fico feliz. Abaixo um pequeno retrato de quem sou e de como esta obra se formou. Caso desista de ler, tudo bem, outra hora nos conheceremos melhor. Caso você esteja me conhecendo pela primeira vez eu peço que não se deixe levar pelas aparências. No meu caso, as aparências são tudo aquilo que consta aí pela internet a meu respeito: Juiz de Direito (desde os 23 anos de idade), Mestre e Doutor em Processo Penal pela USP, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Professor do Curso Damásio, autor de livros. Isto tudo é a aparência. Como digo aos alunos, no momento em que nos definimos pelos títulos obtidos no passado, pela profissão, aí começamos a morrer, porque tudo isso é aparência, não é o nosso verdadeiro eu. E quem sou eu? Acho que esta obra representa em grande parte aquilo que sou, porque esta obra é fruto do amor de um garoto vindo do interior de São Paulo pelo conhecimento. Sempre fui curioso e sempre fiz perguntas que as pessoas tinham vergonha de perguntar (embora tivessem as mesmas dúvidas). Esta falta de noção da minha parte de que “há coisas que não se perguntam” acabou por causar em alguns de meus preceptores a ideia de que sou questionador e de que não aceito a autoridade. E nesse sentido é a mais pura verdade, eu não aceito a autoridade que quer se impor e se legitimar por ela mesma. Não aceito a autoridade que quer se impor pelo seu título, pela sua posição, seu sobrenome ou por sua conta bancária. A autoridade que respeito vem da admiração que sinto pela honestidade consigo mesmo, pela crença de que possui mais dúvidas do que certezas, pela busca da justiça e, acima de tudo, pela forma como trata aqueles que estão em posição hierárquica inferior. Afinal de contas, como dizem por aí, se quer saber como uma pessoa é de verdade, preste atenção em como ela trata o garçom e a faxineira. Como disse antes, a falta de compreensão de que há perguntas que não devem ser feitas acabou por ser uma das minhas maiores características. Esta obra representa, em grande parte, estes questionamentos. Um dos meus objetivos com esta obra foi tentar limitar o sofrimento que passei durante minha graduação e que tento, a todo custo, fazer com que meus alunos não sofram como sofri. Demorou muito tempo para que eu compreendesse que o direito possui várias posições e que cada uma delas representa uma forma de encarar o direito e, porque não dizer, o mundo. Por isso não podemos falar em certo e errado, pois representam visões de mundo. Procurei nesta obra colocar o máximo de posições possível e indicar aquela que compreendo mais adequada e os motivos que me levam a este entendimento. Você pode concordar ou discordar de minhas posições, isto faz parte da beleza da vida. Saiba que estas posições que apresentei aqui são fruto de toda a minha compreensão da vida e do direito, mas saiba, acima de tudo, que eu posso estar errado. Em um mundo em que todos estão tão certos e seguros de tudo a única coisa que posso lhe assegurar amigo leitor é que eu tenho mais dúvidas do que certezas, e sou grato a elas. Sou grato às dúvidas, pois são elas que me fazem caminhar. São elas que fazem viver em mim o garoto curioso que veio do interior de São Paulo (Bebedouro) e que se diverte tentando achar as perguntas em vez de ficar cego pelas respostas. As perguntas são mais importantes que as respostas. Esta obra começou objetivamente a ser escrita em Janeiro de 2014, mas o fato é de que ela representa as dúvidas que venho tendo já desde o início da graduação, que me acompanharam pelo mestrado, doutorado e até hoje comigo estão. Seria puro exercício tolo de vaidade não reconhecer que esta obra não teria sido produzida sem a ajuda de muitas pessoas. Correndo o risco de ser injusto com alguém, procuro indicar aqui as pessoas que contribuíram com esta obra. Sou grato ao Professor Antonio Scarance Fernandes que me fez ver que a vida jurídica precisa de equilíbrio. Como já disse mais de uma vez, a vida que tenho é graças ao Professor Scarance e sua esposa Drª. Sueli Diez Fernandes. Obrigado mesmo Professor! Como disse ao final de minha defesa de doutorado, quebrando todos os protocolos, e aos prantos: eu não teria a vida que tenho sem o Sr. Professor. Muito obrigado pela vida que me proporcionou. Agradeço aos meus alunos, pois suas dúvidas são também as minhas e, em grande parte, estão refletidas nesta obra. Esta obra não teria sido escrita sem o apoio de meu gabinete, dos que lá estão hoje e dos que por lá passaram. Agradeço neste ponto a Rafael, Catia, Lucas e Cainã, que me acompanharam nesta jornada e me aguentaram diariamente, com minhas crises de mau humor que, por vezes, fazia com que pensassem que eu havia me transformado no Zé Buscapé. Agradeço a Karina Boneti e a Vinicius Lutti, talentosos estudantes que, mais do que estagiários, transformaram-se em amigos ao longo desta jornada. À minha família (Paula, Layla, Milena e D. Inês), que suporta minhas falhas diárias, obrigado por tudo. Paula, obrigado pela jornada até aqui. Aliás, é disto que se trata, uma maravilhosa jornada que, até o momento, tem sido extremamente divertida. Daí porque não poderia deixar de agradecer a outras tantas pessoas que estiveram comigo na construção do caminho. Assim, quanto à música, agradeço a Bruce Springsteen, U2, Garth Brooks, Alceu Valença, Caetano Veloso, Darius Rucker, Edgard Scandurra, REM, Skank, Zé Ramalho, Bob Dylan, Bob Marley, Bon Jovi, Chuck Ragan, Creedence Clearwater Revival, Elvis Costelo, Engenheiros do Hawaii, Geraldo Azevedo, Miles Davis, Ramones, Roxette, Journey, The Killers e The Rolling Stones. Estas pessoas fizeram a trilha sonora desta obra e, em algum grau, definem os meus dias. No campo visual, agradeço aos irmãos Winchester, ao Dr. Who, ao Patrick Jane, ao pessoal todo de Lost, Kevin Arnold, Bruce Wayne e Clark Kent. Vocês me ajudaram desde sempre a passar por momentos muito, muito difíceis. Por fim, duas últimas palavras a você que continuou firme na leitura deste meu testemunho. Jamais, em momento algum de sua jornada deixe de ter dúvidas sobre suas posições. São as dúvidas que nos fazem ter segurança sobre o que acreditamos. São as dúvidas que nos abrem os olhos para a diversidade da vida e para a sua beleza. Por fim um agradecimento mais do que pessoal: mãe, como Professora de História você me fez ver entender que o passado é importante para entender o presente. Como pessoa, você me fez entender que mesmo na dor é possível sorrir. Na página seguinte você, caro leitor, encontrará a apresentação mais importante que poderia conseguir para este livro. É a minha apresentação feita pela minha filha. Esperamos que goste. Tem sido uma jornada e tanto, que continue assim. Guilherme Madeira Dezem Primavera de 2014

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