Nota do Autor à 4.ª Edição - Curso de Processo Penal

A recepção do público leitor à 3.ª Edição me fez redobrar o compromisso para esta nova edição. Os comentários que ouvi dos leitores só aumentaram minha responsabilidade: trazer o máximo de posições possíveis de uma maneira crítica. Em 2017 tivemos novas e importantes leis para o processo penal, notadamente a Lei de Migração e a Lei do Uso de Algemas em Mulher. Também comento os artigos 13-A e 13-B do Código de Processo Penal, artigos que me senti capaz de discutir após quase um ano de reflexão. Em 2017 também tivemos a Resolução 181 do Conselho Nacional do Ministério Público e, com todo o respeito, mais um flagrante ataque ao Estado Democrático de Direito, que comento oportunamente no capítulo relativo aos sistemas de investigação preliminar. Como já se tornou conhecido entre os leitores, toda a jurisprudência foi atualizada de forma que mantenho a opção da primeira edição de tratar com os casos mais recentes em vez de tratar dos leading cases. Assim o leitor pode ter a segurança de que a informação passada é a mais atualizada possível. No âmbito pessoal 2017 foi um ano de mudança, um turning point na minha vida. Para quem não sabe, na madrugada do dia 12.07 deste ano, à 01:30, eu sofria um infarto. Estava sozinho em minha residência e, negociando com Deus, fui dirigindo para o hospital, onde tive pronto atendimento e, com dois stents no coração, sou um novo homem. Em certo sentido, eu também sou o garoto que sobreviveu... Encarar a mortalidade e a finitude desta forma dá uma nova perspectiva para a vida. Dá a perspectiva concreta de que efetivamente algum dia será o último dia da minha vida (quase foi no dia 12.07). Dá a perspectiva de que os momentos bons devem superar os ruins para que tenhamos uma boa vida. O infarto me ensinou que na vida devemos buscar o amor, a amizade e espalhar o bem entre as pessoas. O infarto também me mostrou que há pessoas que efetivamente se preocupam comigo e deu a real dimensão de que sou uma pessoa querida. Tudo o mais se mostra vão e fugaz. Embora 2017 tenha sido um ano difícil, teve muita música boa e boas séries também. Teve Bruce Springsteen, Tina Turner, U2, Ivete, Capital e Engenheiros, entre tantos. Teve American Gods, How I met your mother, Lost, O povo contra O. J. Simpson e, claro, teve Doctor Who (aliás, costumo brincar que os 2 stents são os meus 2 corações e, por isso, sou o Doctor sem dúvida). Agradeço aos parceiros de jornada. Esta vida é realmente um sopro e poder dividir os momentos com vocês é um privilégio. Como disse o 11º Doctor “We’re all stories, in the end. Just make it a good one”. Também este 2017 merece uma trilha sonora: “And so Sally can wait, She knows its too late As we´re walking on by Her soul slides away, But don´t look back in anger I heard you say” (Don’t look back in anger, Oasis) Guilherme Madeira Dezem Primavera de 2017

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