Capítulo XXII - Dos Ministros que os Príncipes Têm Junto de Si - O Príncipe – Maquiavel - Clássicos Jurídicos

“Não é de pouca importância para o príncipe a escolha dos ministros.” 129. Para o príncipe não é coisa de somenos a escolha de seus ministros, que são bons ou não, conforme a prudência daquele. 1 E o primeiro juízo que se faz da mente de um príncipe 2 é observar os homens que ele tem a seu lado. Quando eles são capazes e fiéis, 3 podemos considerá-lo sábio, porque soube reconhecê-los suficientemente e mantê-los fiéis; 4 quando, porém, não forem assim, pode-se fazer mau juízo dele, pois o primeiro erro que comete é o desta escolha. 5 “As mentes são de três gerações” – Antonio de Venafro, ministro de Pandolfo Petrucci. 130. Não houve ninguém que, conhecendo o nobre Antonio de Venafro, como ministro de Pandolfo Petrucci, príncipe de Siena, não julgasse Pandolfo um homem muito valoroso, tendo-o como ministro. 6 Existem três tipos de mentes: uma, que entende por si mesma, 7 outra capaz de discernir o que outros entendem 8 e a terceira não entende nem a si, nem a outros; 9 a primeira é ótima, a segunda, excelente, a terceira inútil; 10 portanto, era necessário que, se Pandolfo não estivesse no primeiro caso, que estivesse no segundo, porque todas as vezes em que se deve julgar o bem ou o mal que alguém faz ou diz, 11 ainda que não tenha a intenção, reconhece as obras más ou boas do ministro e estas ele as exalta e as outras, corrige. E o ministro não pode esperar enganá-lo e conservar-se fiel. “Como um príncipe pode conhecer o ministro.” 131. Mas para que um príncipe possa conhecer bem um ministro, há um modo que não falha jamais. Quando perceberes que um ministro pensa mais em si do que em ti e que, em todas as suas ações procura proveito pessoal, este não é bom ministro e nunca poderás confiar nele, 12 porque quem tem o Estado em mãos, não deve nunca pensar em si mesmo, mas sempre no príncipe 13 e jamais recordar-lhe coisas que não lhe digam respeito. 14 E, por outro lado, o príncipe, para mantê-lo bem, 15 deve pensar nele, tornando-o rico, fazendo com que se obrigue para contigo, 16 fazendo-o participar de honras e cargos, de modo que perceba não poder passar sem ti e que essas honrarias não o façam desejar outras e as riquezas não o façam desejar mais riquezas, assim como os muitos cargos façam com que tema as mudanças. Quando, portanto, os ministros e o príncipe, com relação a eles, são assim, podem confiar um no outro, 17 mas se acontecer de modo diferente, o fim será sempre prejudicial a ambos. 18 Esta sabedoria deve acomodar-se às circunstâncias. Por vezes, o mais difamado é o mais recomendável para o cargo de Ministro (1.º Cônsul). Que teriam pensado de mim se houvesse nomeado para ministros e conselheiros amigos notórios dos Bourbons, condecorados com as cruzes de São Luís e cumulados de mercês por aquele que eu substituía e que aspirava a superar-me? (Imperador). Pode-se encontrar tudo isso muito mais facilmente em indivíduo desacreditado do que naquele cuja reputação cheira a bálsamo (1.º Cônsul). Aqui reside a dificuldade e ali a desgraça deles (Desterrado na Ilha de Elba). Não sabe evitá-lo quem não conhece os homens e se deixa guiar por outrem nas escolhas (Desterrado na Ilha de Elba). Vede as escolhas e julgai (Desterrado na Ilha de Elba). Prefiro a este (1.º Cônsul). Não desprezo esse, desde que aparente uma superioridade intelectual (1.º Cônsul). São estúpidos e primitivos. Maquiavel esqueceu os espíritos metódicos e presos a seu sistema. As sentinelas perdem-se, acreditando, piamente que fazem o melhor (Desterrado na Ilha de Elba). José possui, pelo menos, esse tipo de cabeça (Imperador). É tratar de fazer o possível para que, ao pensar em seus interesses, pense também nos nossos (1.º Cônsul). O “nunca” é um exagero. Mas, se ele pensar mais em si do que em mim, percebê-lo-ei a tempo e, então, “adeus” (1.º Cônsul). Como sabem esconder seus interesses sob os do meu reinado! (Imperador). Quando não são como a minha gente que perdeu toda a vergonha. Há mais honestidade no meu reino da Itália (Imperador). Que trapaceiros! Aprenderam agora a tornar-se importantes em todos os governos, mesmo os mais disparatados e opostos (Desterrado na Ilha de Elba). Bom para outros países que não a França e para outras épocas (Imperador). Quem teria acreditado que o lesado tivesse sido eu? Hei de reparar nisso (Desterrado na Ilha de Elba).

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