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Autor:
Gustavo Batistuzzo
No interior, envolta em um pergaminho desbotado, estava uma enorme chave de prata manchada, esculpida com misteriosos arabescos; mas qualquer explicação legível, não havia nenhuma (LOVECRAFT, 1926, tradução livre).
Em 1977, as sondas espaciais Voyager 1 e 2 foram lançadas ao espaço com o objetivo primário de estudar os planetas Júpiter e Saturno. Em 2012, a Voyager 1 rompeu a barreira do sistema solar e entrou no espaço interestelar, onde nenhum homem jamais esteve (NASA, 2020).
No momento da publicação deste livro, ambas as sondas estão ativas e continuam transmitindo dados ao planeta Terra (NASA, 2020). No entanto, à medida que elas se afastam do sistema solar, sua energia elétrica se torna limitada e escassa, obrigando a NASA a gradativamente desligar seus equipamentos eletrônicos. É esperado que, por volta de 2025, ambas as sondas estejam completamente desligadas. A partir daí, a Voyager 1 e a Voyager 2 vagarão sem rumo pelo espaço, mortas. É estimado que elas somente se aproximarão de outros sistemas planetários daqui a mais de 40.000 anos, se não forem destruídas antes disso (NASA, 2020).
Além da inestimável contribuição das sondas para a Humanidade, elas carregam um pequeno grande tesouro: os Discos de Ouro da Voyager (em inglês, The Voyager Golden Records ). Consideremos então a seguinte situação hipotética:
Alguma forma de vida extraterrestre encontrará uma das sondas (quem sabe?) e, com ela, um disco dourado. A depender dessa forma de vida, a descoberta poderá ser apenas isso: um disco sem valor. Talvez ela o descarte ou o destrua. Quem sabe o leve para casa como um souvenir .
Uma análise do material indicaria se tratar de um disco de cobre banhado a ouro de 30 cm de diâmetro, dentro de uma capa de alumínio com uma amostra ultrapura de urânio-238 galvanizada, mas nossa forma de vida hipotética não sabe disso. É verdade, também, que um exame adequado sobre a amostra de urânio-238 convenientemente deixada ali poderia determinar a idade do material, mas, infelizmente, a forma de vida também não conhece espectrometria de massa (NASA, 2020).
Ela é inteligente o suficiente para perceber uma série de desenhos incrustados naquela coisa , mas não sabe o que eles significam. Claramente. não se trata de um defeito, os desenhos contêm padrões bem definidos. Assim, ela percebe que a coisa contém dados e, portanto, deve conter algum tipo de informação . Após passar quase toda sua vida tentando decifrar a descoberta, a forma de vida finalmente desiste. Ela nunca saberá o que está escondido no Disco de Ouro.
Após anos e anos de estudo, os cientistas daquela civilização descobrem que os desenhos registrados na capa de alumínio são instruções sobre como extrair e decodificar os dados gravados no Disco de Ouro. Seguindo as instruções, os cientistas finalmente encontram imagens de interesse científico (grandezas físicas e matemáticas, os planetas do Sistema Solar, anatomia do ser humano, entre outras), fotos de animais e plantas, alimentação, arquitetura. Encontram, também, sons presentes na natureza ou produzidos por animais, saudações em várias línguas, passos, risadas, a batida de um coração humano, uma mensagem em código Morse (“ per aspera ad astra ”, que em latim significa “ aos astros por caminhos ásperos ”), uma extensa coleção de músicas de diferentes épocas e culturas e até mesmo a gravação das ondas cerebrais de uma pesquisadora, feita enquanto ela pensava na história do planeta Terra e suas civilizações, em problemas estruturais, como violência e pobreza, e até mesmo em sua percepção pessoal sobre o ato de se apaixonar (NASA, 2020).
Para a primeira forma de vida, o disco é apenas isso: um disco. Para os outros, um tesouro valioso sobre a diversidade da vida e da cultura de uma civilização alienígena.
A situação hipotética retrata um conceito básico: dados isolados não possuem qualquer significado, mas se tornam informações ao serem corretamente examinados por um observador.
Essa constatação traz uma consequência direta: a conversão de um dado em uma informação depende diretamente do observador e da sua capacidade de interpretação, seja ela consciente ou não:
a) Um vírus que reconhece as enzimas presentes na célula humana e utiliza proteínas específicas que se acoplam a essas enzimas, permitindo que ele …
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