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Fonte: elaborada pelo autor.
Concorrência
No final da década de 1980, quando me envolvi nesse mercado, ainda vivíamos pouca ou nenhuma abertura do mercado brasileiro ao mundo (ainda existia a reserva de mercado da informática) e praticamente existiam dois escritórios brasileiros de padrão internacional de organização e equipe apta a lidar com clientes de grande porte e multinacionais.
Os quinze anos seguintes se caracterizaram pela abertura do mercado brasileiro, pela vinda de grandes empresas e investidores e também pelas privatizações, o que propiciou o crescimento exponencial do mercado jurídico. Apenas exemplificando, vários dos atuais líderes do mercado de grandes escritórios de advocacia corporativos sequer existiam no final dos anos 1980.
O que, à época, era um “clube de amigos” representado por esses poucos escritórios corporativos, onde havia uma relação de convivência e de divisão do mercado quase romântica, passamos, atualmente, para uma situação de real concorrência e disputa mais acirrada por clientes (até porque não há mais o crescimento do mercado).
Lembro e conto essa pequena estória para todos com que tenho conversado nesses últimos tempos sobre a situação que presenciei na sala do Dr. João Batista Pereira de Almeida logo nos primeiros tempos em que eu ali estava.
Certo dia, não me lembro exatamente o que eu havia ido fazer lá, enquanto conversava com ele, sua secretaria entrou em sua sala e apresentou a ele um documento para assinar. Ao ser questionada por ele de que se tratava, esta explicou que era uma carta de substabelecimento de um processo que o cliente havia solicitado para transferi-lo a outro advogado. Dr. Batista então, de maneira bastante raivosa, pediu para a secretária ligar para o cliente, pois deveria lhe falar. E eu sentado, observando...
Quando a ligação foi completada, escutei Dr. Batista dar uma sonora “bronca” no cliente, dizendo que era seu advogado e não admitiria substabelecer o processo a outro profissional. O cliente aceitou resignadamente, o papel foi rasgado ali mesmo, na minha frente, e então, voltando tudo ao normal, pude terminar minha conversa com ele.
Vocês conseguem sequer imaginar uma cena dessas nos dias de hoje? Algum sócio de escritório teria a coragem de fazer isso? E se porventura tivesse, qual seria a provável reação do cliente?
A verdade é que atualmente o mercado jurídico começa a experimentar aquilo que os outros mercados (principalmente o industrial) vivem há muito: a concorrência real!
Outro aspecto importante a ser considerado, e que está intimamente ligado ao anterior, é a chamada “desfidelização” dos clientes. Cada vez mais se torna mais raro aquele cliente que concentra todos os seus desafios jurídicos nas mãos de um único escritório, e por vários motivos:
– pelo princípio básico da administração de não colocar todos os seus ovos na mesma cesta;
– pela consciência de que nenhum escritório pode ser excelente em todas as áreas de atuação (às vezes nem sequer terem aquela área qual o cliente necessita);
– …
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